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Campinas / Brasil Afirmativo, São Paulo, Brazil
O sangue do Negro Africano, Índio Brasileiro e dos Imigrantes Europeus, correm em minhas veias, Brasileiro sem dúvida nenhuma. Campineiro da gema, apaixonado por Campinas - (SP) sua história, arquitetura e povo. Nasci em 21 de Agosto de 1964, em uma família, de quatro gerações de ferroviários, homens que passaram suas vidas entre o ferro fundido dos trilhos, e o fogo das caldeiras. Iniciei minha vida no ramo da metalurgia, seguindo os passos dos homens de minha família. No chão de fábrica ... Não, demorou muito para que, tomasse consciência, da importância, da eterna luta de classes, em busca de melhores condições de vida e inclusão social. Hoje militante do movimento negro, costumo dizer, que não escolhi ser do movimento negro, o movimento é que me escolheu. Meu bisavô Armando Gomes fundou a Liga Humanitária em 28 de novembro de 1915. A luta do povo negro, é distinta, e não pode ser, refém de partidos, e interesses meramente pessoais. Jornalista e Artista Plástico, resolvi usar este espaço, para relatar, o dia a dia, do nosso povo, o brasileiro.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

A Pérola Negra de Campinas

Até o final da década de 1950, os concursos de Misses excluíam das passarelas as candidatas negras ou ate mesmo Afro-descendentes; em 1963 a linda enfermeira, a mulata Aizita Nascimento, representando o Clube Renascença do Rio de Janeiro rompe com tradição discriminatória desses eventos, uma grande vitória para as mulheres negras.
Naquele momento havia uma polemica em torno de uma pomada a base de Hidroquinona que clareava progressivamente a pele; na época muita gente aderiu a moda (uma antiga referencia a Michael Jackson), neste contexto a linda mulata Aizita Nascimento ficou famosa por proferir a exclamação“Branca? Nunquinha!” esta frase não tem nenhum teor racista, mas uma consciência da importância de valorizar a sua pele, a sua cidadania, importante sinal que a mulher e principalmente a negra começava a reivindicar seus direitos na sociedade.
Mas esta conquista não veio sem luta e nem mesmo de graça, talvez o maior exemplo desta luta tenha ocorrido aqui mesmo em Campinas na terra do jornalista e poeta negro Benedicto Octavio. Foi em Campinas, que pela primeira vez no Brasil realizou-se um concurso que quebraria os preconceituosos paradigmas dos acomodados concursos de beleza que tinham a negra como um objeto ou cidadã de segunda classe, exemplos disto são os tais concursos Bonequinha do café, Bonequinha de pixe entre outros títulos que insistiam em comparar a mulher negra a produtos como café ou mesmo massa asfaltica. Nunca a uma rainha.
que escolheu o mais belo exemplar da beleza negra com a imponência da coroação de uma princesa, feito jamais repetido.
Entre as vinte inscritas a vencedora foi aquela que reuniu os maiores predicados em elegância, graça, beleza, cultura e simpatia. A vencedora Marcília Gama uma jóia rara, militante da causa negra e não apenas uma beldade, na verdade uma perola negra.
A Perola Negra foi coroada pelo vice-governador do Estado de São Paulo Porfírio da paz, que também entregou lhe a faixa e o cetro completando assim a ornamentação de rainha. O júri representou muito bem a comunidade negra, os representantes foram escolhidos pela comunidade negra durante um coquetel num dos lugares nais belos da cidade o “Lo Schiavo” entre os representantes de entidades negras levando em conta a tradição e contribuição de cada entidade, alem de sua antiguidade, já o representante indicado por cada entidade deveria ter obrigatoriamente formação moral e grau intelectual. A proposta inicial do “Concurso Perola Negra de Campinas” era conseguir reunir recursos para salvar entidades negras que passavam por dificuldades como a Corporação Musical Campineira dos Homens de Cor e ainda o Posto de puericultura Helena Beatriz, sendo assim foi necessário reunir grande parte da comunidade negra de Campinas para que este objetivo fosse atingido. No inicio a comunidade negra tentou alugar A comunidade negra de Campinas através das entidades organizadoras do baile como a Liga Humanitária dos Homens de Cor de Campinas, a Corporação Musical Campineira dos Homens de Cor entre outras, mostrou tanta união, força e determinação, atraindo desta maneira, importantes aliados como o “Jornal Diário do Povo” através de seu famoso colunista Orlindo Marçal, Departamento de Difusão Cultural da Prefeitura de Campinas e ainda um poderoso aliado Associação Cultural dos Negros do Estado de São Paulo recebendo deste ultimo apoio integral. O concurso a partir daí tomou um impulso extra, atraindo a adesão de entidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Americana, Franca, São Carlos e de todo o interior. Com esta força política não foi difícil exigir que o “Concurso da Perola Negra de Campinas” e o baile, fossem realizados no magnífico Teatro Municipal de Campinas.
Três meses antes do evento a comunidade negra mostrou um poder de compra que surpreendeu e espantou os comerciantes de campinas, uma semana antes do evento haviam se esgotado o estoque de miçangas, lantejoulas e enfeites para vestidos nas lojas de Campinas.
Mas nem tudo são rosas na terra do racismo cordial, o palco e passarela montado nas dependências do Teatro Municipal eram de propriedade da Sociedade Hípica, que realizava tradicionalmente uma vez ao ano o Baile de apresentação das Debutantes, nada mais do que a fina flor da sociedade da terra.
Sendo assim negava o uso do palco e da passarela para eventos da comunidade negra, mesmo com a dinheiro na mão, no final sob a costumeira pressão, a comunidade ganhou alguns aliados dentro da Sociedade Hípica e o palco acabou sendo alugado para o grande evento negro.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

1917

Foto: acima: o anarquista e líder operário Ângelo Soave (trabalhadores exigiam a sua libertação); Abaixo: Armando Gomes um dos lideres da greve de 1917, protagonista do episodio ocorrido na Porteira do Capivara, e a principal liderança do movimento negro da época. O clima durante A Primeira Guerra Mundial agravava tremendamente a situação econômica dos trabalhadores. A situação econômica no Brasil era critica, vivia uma elevação de preços sem precedentes nos artigos de primeira necessidade, a redução dos salários, a um terço do valor real, aumento do aluguel e a falta de gêneros alimentícios. Além disto, intensificava-se o trabalho infantil e o da mulher provocando a redução de salários. Entre as reivindicações estava o aumento de salários, proibição do trabalho de menores de quatorze anos, adoção da semana Inglesa, libertação dos grevistas presos, redução de preços nos gêneros de primeira necessidade, redução de 50% no preço dos alugueis. Em Campinas o ferroviário Armando Gomes de organizava Ligas Operarias de Bairros, Com objetivo de aglutinação de trabalhadores inspirados em organismos semelhantes que tinha nascido sobre o efeito sob o efeito da guerra em outros Países. E dentro deste contexto os trabalhadores Anarquistas em Campinas exigiam a libertação de Ângelo Soave que estava detido na estação e seria transportado para prisão, em São Paulo. Aderiram ao movimento não só ferroviários como também metalúrgicos de empresas como Lidgerwood e a Companhia McHard. Tendo a frente do movimento os anarquistas. Naquele dia, os trabalhadores estavam em manifestação em frente à “Porteira do Capivara”. A rua da porteira cruzava a linha férrea, onde hoje esta (o Viaduto Miguel Vicente Cury). Policiais aos seus postos esperavam o momento certo, para reprimir os lideres do movimento. Entre os trabalhadores havia rumores da existência de uma lista negra com o nome dos principais agitadores (cabeças de Greve). Durante a mobilização, no momento esperado os policiais abriram fogo contra os trabalhadores. O que resultou em 16 trabalhadores feridos, levados pelos companheiros, em lombos de burro, às pressas para o hospital. Três operários morreram imediatamente Antonio Rodrigues Magotto, Pedro Alves e Tito de Carvalho foram sepultados no dia seguinte no cemitério da Saudade. Armando Gomes uma das cabeças da Greve, saiu ferido durante o enfrentamento na “Porteira do Capivara”. A morte não intimidou o movimento anarquista. Walter Gomes (irmão de Armando) e José Gomes (irmão de Armado) mobilizaram a categoria, e o resultado paralisou a cidade. Não é necessário dizer que este capitulo da historia, não foi registrado desta forma por nenhum jornal da época. Historiadores de Campinas relatam que a Greve Geral de 1917 em Campinas, não teve a mesma extensão que a ocorrida em São Paulo. Mas não conseguem explicar a repercussão do Massacre da Porteira do Capivara, e nem mesmo a paralisação da cidade com o fato. Na verdade o que assustava, eram os ideais e o discurso anarquista Não é necessário dizer que este capitulo da historia, não foi registrado desta forma por nenhum jornal da época. A Geral Geral de 1917 foi uma manifestação contra o alto custo de vida e o trabalho de menores, além de difundir outras reivindicações operarias.Pensou em desistir da luta, mas nunca conseguiu, e voltou a ter problemas com a policia, durante a Greve Geral de 1920. Em março de 1920, Gomes foi preso enquanto liderava uma greve na Mogiana, pregava aos grevistas a negação da autoridade policial, para quem o próprio poder que a policia exercia já era uma abuso. Os anarquistas pregavam o fim da propriedade privada, para Armando Gomes a existência de imensas propriedades privadas era um crime contra a humanidade, o ideal seria transformar propriedade privada em coletiva. A atuação político partidária e a alienação imposta pela religião eram vistas com maus olhos, por promoverem um fanatismo irracional, segundo o ferroviário José Gomes, também Anarquista. Acreditava Armando Gomes que a existência de imensas propriedades privadas era um crime contra a humanidade, o ideal seria transformar propriedade privada em coletiva. Edgard Lourenroth publicou um boletim informativo anexo em seu jornal “A Plebe” em que trazia em suas linhas um balanço da greve da Mogiana em Campinas, dizia que Armando Gomes foi preso defendendo uma causa justa, cumprindo um dever humanitário, quando foi traiçoeiramente preso e obrigado a cumprir pena, pela qual lhe acusaram, em São Paulo para onde seguiu. Ângelo Soave morreu sete anos depois vitima de uma infecção renal. Armando Gomes e seus companheiros eram constantemente perseguidos por terem tido atuação destacada durante a Greve Geral de 1917 em Campinas, que envolveu anarquistas assim como Associações Operarias e Órgãos Operários. por fim o grande objetivo de acabar com o estado.

Lista de Jornais e informativos da Imprensa Negra Campineira

1910 - O Bandeirante - Campinas (SP)
1910 - D' Bandeirante – Campinas (SP)
1912 - O Combate – Campinas (SP)
1912 - Luís Gama – Campinas (SP)
1912 - A Juventude – Campinas (SP)
1912 - O Discípulo – Campinas (SP)
1912 - O Raio – Campinas (SP)
1922 - A Protetora – Orgam da Associação Brasileira dos Pretos – Campinas (SP)
1911 - A Pérola – Campinas (SP)
1912 – Combate Campinas (SP)
1914 – Princesa D Oeste – Campinas (SP)
1916 – O Menelick – Campinas (SP)
1916 – A Rua - Campinas (SP)
1916 – O Xauter – Campinas (SP)
1917 – A União – ( União Cívica dos Homens de Cor, formada pelas seguintes entidades: Sociedade Dançante Familiar União da Juventude, Sociedade Recreativa Familiar Estrela do Norte e a Sociedade Dançante Familiar Estrela Celeste – Campinas (SP).1919 – O Getulino, de Lino Guedes – Campinas (SP)
1924 – O Clarim – (Impulsionado pelo Centro Cívico Palmares)1924 – O Clarim da Alvorada – (Influencias da Frente Negra Brasileira)1925 - O Clarim D Alvorada – (Substituiu o termo Homem de Cor porNEGRO)1954 – Correio D' Ébano – Campinas (SP)
19?? – O Hífen

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

LISTA DE JORNAIS E INFORMATIVOS DA IMPRENSA NEGRA CAMPINEIRA / EM COMPARAÇÃO COM A IMPRENSA NEGRA BRASILEIRA EM MESMO PERIODO

1798 – Jornal Mural “Revolta dos Búzios” (BA)
1828 /1831 O Bahiano (BA) – Do Jurista Antonio Pereira Rebouças
1889 – A Pátria – Orgam dos Homens de Cor (SP)
1892 – O Exemplo – Porto Alegre
1899 – O Progresso - Orgam dos Homens de Cor (SP)
1833 - O Homem de Cor
1833 – O Mulato (RJ)
1833 – Brasileiro Pardo (RJ)
1833 - O Cabrito (RJ)
1833 – O Lafuente (RJ)
1903 – O Baluarte – Órgão Oficial do Centro Literário dos Homens de Cor – (Por Benedito Florêncio e Francisco José de Oliveira)
1910 - O Bandeirante - Campinas (SP) #
1910 - D' Bandeirante – Campinas (SP) #
1912 - O Combate – Campinas (SP) #
1912 - Luís Gama – Campinas (SP) #
1912 - A Juventude – Campinas (SP) #
1912 - O Discípulo – Campinas (SP)#
1912 - O Raio – Campinas (SP) #
1922 - A Protetora – Orgam da Associação Brasileira dos Pretos – Campinas (SP) #
1911 - A Pérola – Campinas (SP) #
1912 – Combate Campinas (SP) #
1914 – Princesa D Oeste – Campinas (SP) #
1916 – O Menelick – Campinas (SP) #
1916 – A Rua - Campinas (SP) #
1916 – O Xauter – Campinas (SP) #
1918 – O Alfinete
1917 – A União – ( União Cívica dos Homens de Cor, formada pelas seguintes entidades: Sociedade Dançante Familiar União da Juventude, Sociedade Recreativa Familiar Estrela do Norte e a Sociedade Dançante Familiar Estrela Celeste – Campinas (SP).
191? - União (Curitiba)
191? - A Raça (Órgão da Legião Negra de Uberlândia)
1919 – O Getulino, de Lino Guedes – Campinas (SP) #
1919 – A Liberdade
1920 – O Sentinela
1920 – A Evolução
192? – Patrocínio (Piracicaba)
1924 – O Elite – (Órgão Oficial do Grêmio Dramático)
Recreativo e Literário – Elite da Liberdade)
1924 - Kosmos
1928 – A Auriverde (SP)
1930 – Progresso (SP) – Lino Guedes
1924 – O Clarim – (Impulsionado pelo Centro Cívico Palmares)
1924 – O Clarim da Alvorada – (Influencias da Frente Negra Brasileira)
1925 - O Clarim D Alvorada – (Substituiu o termo Homem de Cor por
NEGRO)
1932 – Chibata (SP)
1935 – Tribuna Negra (SP)
1933 – A Voz da Raça - (Órgão Oficial da Frente Negra Brasileira)
1935 – A Raça
1933 – Brasil Novo
1935 – O Estimulo (São Carlos)
1946 - Senzala
1946 – O Novo Horizonte
1950 – Cruzada Cultural
1950 – Mundo Novo
1936 – Alvorada (Pelotas)
1945 – A Alvorada ( Órgão Oficial da Associação Negra Brasileira)
1954 – Correio D' Ébano – Campinas (SP) #
1956 – Mundo Novo
1958 – Mutirão
1961 – O Ébano
1969 – Jornal da Velha Guarda
1934 – Cultura
1946 – Senzala
1960 – Níger
19?? – O Hífen
1998 – Jornal da Questão Racial (SP)

Lista Histórica das Entidades Negras em Campinas (por Zélus)







1888 a 1890 – Sociedade Beneficente Luiz Gama (Educandário – Colégio)
1888 a 1920 – Flor da Mocidade
1888 a 1920 – Filhas de Averno
1890 – Sociedade 13 de Maio (Club 13 de Maio)
1895 – Violeta
1895 – Estrela do Oeste
1899 – Sociedade Beneficente Isabel Redentora
1901 – Sociedade Dançante Familiar União da Juventude
(União faz a Força, Juventude ou União)
1902 – Federação Paulista dos Homens de Cor
1906 – Associação Humanitária Operaria dos Homens de Cor
1909 – Centro Recreativo Dramático Familiar 13 de Maio
1910 a 1918 – Filhas do Progresso
1915 – Liga Humanitária dos Homens de Cor
1915 – Sociedade União Cívica dos Homens de Cor
1916 – Grêmio Recreativo Dançante Estrela Celeste
1916 – Estrela Recreativa Dançante Familiar Estrela do Norte
1916 – Clube Recreativo 28 de Setembro
1917 – Grêmio Recreativo Dançante Familiar José do Patrocínio
1917 – Liga Protetora dos Homens de Cor
1918 – Alliados
1918 – Liga Brasileira dos Pretos
1919 – Grêmio Dramático Luiz Gama
1919 – Excêntricos (Carnavalesco)
1920 – Sociedade Dançante Familiar Camisa Verde
1920 – Desprezados - Clube
1922 – Sociedade Dançante Familiar 15 de Novembro
1923 – Sociedade José do Patrocínio Baile Recreativo
1926 – O Centro Cívico Palmares
1936 – Frente Negra Brasileira
1931 – Sociedade Dançante Cravo Vermelho
1933 – Corporação Musical Campineira dos Homens de Cor
( Banda dos Homens de Cor)
1945 – Clube Cultural Recreativo Campinas
( Machadinho)
2002 – Museu do Negro de Campinas

domingo, 19 de outubro de 2008

Raul Joviano do Amaral


Raul Joviano do Amaral nasceu em Campinas (SP), em 12 de novembro de 1914. Faleceu em 5 de setembro de 1988.Fez estudos primários na Escola 7 de setembro e no Grupo Escolar São Joaquim; cursou o Ginásio do Estado e o GinásioDiocesano, bacharelando-se em Direito em 1937 pela Faculdade de Direito da Universidade do Brasil (RJ).Freqüentou ainda cursos de Sociologia, Economia e Estatística. Iniciou-se no jornalismo em 1933, sendo redator de São PauloJornal. Com Menotti Del Picchia, Rubens de Amaral e Hermes Vieira, participou da IBR e com Salatiel de Campos, da EJIG. Fundou e dirigiua Voz da Raça, 1933, e Alvorada, 1945. Colaborou em vários jornais e revistas de São Paulo e do Brasil. Foi presidente do Conselho da Uniãodos Servidores Públicos, consultor jurídico da Associação José do Patrocínio, da Liga Eleitoral dos Servidores Públicos, do Centro Cultural LuizGama, da Comissão de Serviço Civil do Estado de São Paulo.Publicou numerosos artigos estudando a situação do negro no Brasil e fez muitas conferências em entidades e associações culturaisinteressadas na questão. Foi ensaísta, sociólogo, poeta, historiador, advogado e estatístico-economista.Bibliografia: Silêncio (poesia, 1935); Vozes e Lamentos (versos, 1938); Tradições Populares (Folclore Paulista, Tobias Barreto e aEscola Germânica, 1939); Crimes e Contravenções, 1940; O Negro na População de São Paulo, 1947; Direito Penal do Futuro, 1955; Estudos de Sociologia Jurídica, 1960; A Estatística no Estudo da Criminalidade,1964; Símbolos Nacionais do Brasil, 1967; Os Pretos do Rosário de São Paulo, 1980.Raul Joviano do Amaral começou sua jornada em prol da causa negra em 1927. Tendo sempre presente a elevação do negro nocenário nacional, foi diretor e fundador de dois jornais que traduzem importantes momentos da Imprensa Negra Paulista: o jornalA voz da Raça(1933), órgão oficial da frente Negra Brasileira, e o jornal Alvorada (1945), órgão oficial da Associação do Negro Brasileiro, que fundou comFernando Góes e José Correia Leite.Suas atividades não ficaram restritas à imprensa. Foi também importante membro da Irmandade de Nossa Senhora dos HomensPretos de São Paulo. Raul Joviano Amaral deixou gravada em programa da TV Cultura, em 1984, uma mensagem que traduz firmemente seusideais: "Nós, da velha militância, estamos transferindo à mocidade inteligente, culta, laboriosa de hoje, o lábaro que a imprensa negra elevou bemalto. Mas não só a imprensa negra, a imprensa branca também precisa colaborar porquê, se nós procuramos a confraternização em termos derespeito, de compreensão, de amor, não só o negro precisa trabalhar em favor dessa compreensão, mas a sociedade brasileira precisa terpresente que o negro na atualidade, como anteriormente, sempre se esforçou para conquistar o seu espaço; sempre lhe foi negada essaoportunidade e agora o negro, mais adiantado, mais evoluído, mais coerente, mais consciente das suas necessidades, pode, deve, sempaternalismo, sem tutela, alcançar esse lugar, conquistando-o".fonte:

sábado, 13 de setembro de 2008

A Morte de Armando Gomes o Comunista Negro

Nenhum Trabalhador séra livre enqunto o ferro da discriminação e da desigualdade marcar a carne do trabalhador negro - Karl Marx

Lucrecio


Congresso Afro Campineiro - 1937

Com dezesseis anos Abdias, entrou para o Exercito, mas – conforme ele mesmo narra – foi expulso devido a uma briga na porta de um bar depois de junto com um colega – ser barrado – pelo fato de ambos serem negros. Ainda no quartel, Abdias fundou um Jornal chamado “O Recruta” e distribuía exemplares do periódico Lanterna Vermelha, um jornal comunista clandestino. Desde a infância, Abdias se envolvia com protestos de rua e passeatas contra a discriminação e lutas pela integração do negro na sociedade. No entanto sua primeira experiência de luta orgânica foi com a Frente Negra Brasileira, fundada em 1931, em São Paulo por Arlindo Veiga dos Santos e José Correia Leite, dentre outros ativistas. De acordo com Abdias, uma das estratégias de ação da Frente era “fazer protestoscontra a discriminação racial e de cor em lugares públicos”. Nesta mesma época, ele ainda servia o exercito e por isso não podia se envolver profundamente nestas ações. No entanto continuava a distribuir panfletos e jornais que denunciavam a ditadura Vargas e o imperialismo Norte Americano. De acordo com Abdias, em depoimento ao Livro Memórias do Exílio (1976): “Em dezembro de 1937 fui preso juntamente com um grupo de estudantes Universitários quando distribuíamos panfletos denunciando a ditadura Vargas e o Imperialismo norte – americano. Condenado pelo famigerado Tribunal de Segurança Nacional, fui mantido na penitenciaria do Rio de Janeiro ate abril do ano seguinte. Ao sair da prisão em abril de 2938 regressou para Campinas, e juntamente com Aguinaldo Camargo e Geraldo Campos de Oliveira, organizou o I Congresso Afro Campineiro, em comemoração ao dia 13 de Maio, no Instituto de Ciências e Letras, com apoio de Nelson Omegna, na época professor de sociologia da Escola Normal e futuro Ministro do Trabalho. Neste Congresso, discutiram-se as condições de vida do negro na sociedade brasileira sob vários aspectos: econômico, social, político e cultural. De acordo com Abdias, o Congresso movimentou a cidade, pois Campinas era muito racista e possuía placas de rua indicando “lugar para negros e lugar para brancos”

Fundação da Frente Negra Brasileira




No bojo dessa movimentação ideológica da comunidade negra paulista, através dos seus jornais, surge a idéia da formação da Frente Negra Brasileira. Ela irá constituir-se em um movimento de caráter nacional, com repercussão internacional. Surgiu da obstinação de negros abnegados, como Francisco Lucrécio, Raul Joviano do Amaral, José Correia Leite (que, depois, dela se afastará por motivos ideológicos) e mais alguns.
Fundada em 16 de setembro de 1931, sua sede social central localizava-se na rua Liberdade, na capital paulista. Sua estrutura organizacional já era bastante complexa, muito mais do que a quase inexistente dos jornais. Era dirigida por um Grande Conselho, constituído de 20 membros, selecionando-se, dentre eles, o Chefe e o Secretário. Havia, ainda, um Conselho Auxiliar, formado pelos Cabos Distritais da Capital.
Criou-se, ainda, uma milícia frente-negrina, organização paramilitar. Os seus componentes usavam camisas brancas e recebiam rígido tratamento, como se fossem soldados. Segundo um dos seus fundadores – Francisco Lucrécio -, a Frente Negra foi fundada ppor ele e outros companheiros embaixo de um poste de iluminação. Ainda segundo a mesma testemunha, no início houve muita incompreensão. Diziam que eles estavam fazendo racismo ao contrário. No entanto, com o tempo, os membros da Frente Negra foram adquirindo a confiança não apenas da comunidade, mas de toda a sociedade paulista. As próprias autoridades a respeitavam. Os seus membros possuíam uma carteira de identidade expedida pela entidade, com retratos de frente e perfil. Quando as autoridades policiais encontravam um negro com esse documento, respeitavam-no porque sabiam que na Frente Negra só entravam pessoas de bem. Ainda segundo depoimento de Francisco Lucrécio, conseguiam acabar com a discriminação racial que existia na então Força Pública de São Paulo. Até aquela data os negros não podiam entrar na corporação. A Frente Negra inscreveu mais de 400 negros, tendo muitos deles feito carreira militar. Por outro lado, havia divergências na comunidade negra em relação à ideologia da Frente, pois muitos não aceitavam a ideologia patrianovista (monarquista) que o seu primeiro presidente, Arlindo Veiga dos Santos, queria impor aos seus membros. Isso iria refletir na trajetória da entidade. Uma visão direitista levou muitos dos seus adeptos a posições simpáticas em relação ao integralismo e ao nazismo.
Paradoxalmente, o conceito de raça é manipulado pelos frente-negrinos, que, no seu jornal A Voz da Raça, colocam como seu slogan “Deus, Pátria, Raça e Família”, que depois foi modificado. Era o slogan decalcado diretamente do “Deus, Pátria e Família”, da Ação Integralista. Apesar dessas contradições ideológicas, a Frente Negra se desenvolveu rapidamente, criando núcleos em vários Estados do Brasil. Milhares de negros, nas principais áreas do país, aderem ao seu ideário e passam a ser seus membros.
Em face dos êxitos alcançados, a Frente Negra resolveu transformar-se em partido político. Tinha todas as condições exigidas pela Justiça Eleitoral da época, e entrou com pedido nesse sentido em 1936. Sobre o assunto houve discussão entre os membros do Tribunal, que chegaram a alegar uma tendência racista na Frente. Finalmente o seu registro foi concedido. Durou pouco, porém. Logo em seguida, 1937, o golpe de Estado deflagrado por Getúlio Vargas implantando o Estado Novo dissolverá todos os partidos, entre eles a Frente Negra Brasileira.
Houve um trauma muito grande na comunidade que a acompanhava ou militava nos seus quadros. Milhares de negros sentiram-se desarvorados politicamente. Um dos seus fundadores, Raul Joviano do Amaral, tenta conservar a entidade, mudando-lhe o nome para União Negra Brasileira. Mas a situação geral do país não era favorável à vida associativa no Brasil, onde a repressão via atos subversivos em qualquer organização. O jornal A Voz da Raça deixa de circular. A censura é imposta a todos os órgãos de imprensa, e a União, que procurou substituir a Frente, morre melancolicamente, em 1938, exatamente quando se comemoravam 50 anos da Abolição.

Nucleo Anarquista da Decada de 30

Fundação do Sindicato da Mogiana - 1927

Fundação do Partido Comunista Brasileiro - 1922

Greve Geral de 1920 (Prisão de Armando Gomes o Anarquista Negro)


Durante a Greve da Companhia Mogiana em 1920, Armando Gomes foi preso pregando e recomendando aos grevistas a negação da autoridade policial e da propriedade privada, dizia que a existência de imensas propriedades privadas era um crime contra a natureza e contra a humanidade, que o ideal seria transformar a propriedade privada em coletiva. Edgard Louenroth publicou um boletim informativo anexo ao seu jornal " A Plebe” em que trazia em suas linhas um balanço da Greve da Mogiana (Campinas), dizia que Armando Gomes foi preso defendendo uma causa justa, cumprindo um dever humanitário quando foi traiçoeiramente preso e obrigado a cumprir a pena, pela qual lhe acusaram, em São Paulo para onde seguiu. O Centro Humanitário José do Patrocínio de São Paulo deu um voto de sentimento pela prisão de Armando Gomes, e também A União da Juventude se manifestou pela prisão de seu Presidente e finalmente a Liga Humanitária dos Homens de Cor, da qual Armando gomes era o fundador. Além disto a proximidade de Armando Gomes (1888-1944) com o anarquista Edgard Louenroth (1881-1968) perturbava demais o patronato Campineiro.

Armando Gomes e o 3° Congresso Operário - 1920


Em 1920 reuniu-s, no Rio, o 3º Congresso Operário, que reafirmou a liderança dos Anarco Sindicalistas. Nesta época Armando Gomes tinham muitas sobre o “Anarco Sindicalismo” devido à dificuldade deste movimento tinha em aglutinar pessoas em torno de uma causa e definir metas reais e ações praticas. Armando Gomes em sua fala durante o 3º Congresso Operário questionou e chamou a atenção para o fato do Anarco Sindicalismo não ter capacidade para dirigir as massas, pois a corrente se opunha à idéia de uma organização central, acabando por pulverizar-se em pequenos grupos de ação autônoma. Neste Congresso a Confederação Operária Brasileira (COB), que esteve desativada, foi momentaneamente ativada. Criou-se a “Comissão Executiva do terceiro Congresso” (CETC) para coordenar as atividades do movimento sindical. Sua Secretaria foi entregue ao Anarquista Edgard Leuenroth, que em 1919 havia criado em São Paulo um Partido Comunista (de tendência Anarquista) que teve curta duração. Armando Gomes acabou por ser preso no mesmo ano por ser o cabeça da Greve Geral de 1920 em Campinas

Fundação do Partido Comunista Anarquista - 1919

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Massacre na "Porteira do Capivara" - 1917


Foto: acima: o anarquista e líder operário Ângelo Soave (trabalhadores exigiam a sua libertação); Abaixo: Armando Gomes um dos lideres da greve de 1917, protagonista do episodio ocorrido na Porteira do Capivara, e a principal liderança do movimento negro da época. O clima durante A Primeira Guerra Mundial agravava tremendamente a situação econômica dos trabalhadores. A situação econômica no Brasil era critica, vivia uma elevação de preços sem precedentes nos artigos de primeira necessidade, a redução dos salários, a um terço do valor real, aumento do aluguel e a falta de gêneros alimentícios. Além disto, intensificava-se o trabalho infantil e o da mulher provocando a redução de salários. Entre as reivindicações estava o aumento de salários, proibição do trabalho de menores de quatorze anos, adoção da semana Inglesa, libertação dos grevistas presos, redução de preços nos gêneros de primeira necessidade, redução de 50% no preço dos alugueis. Em Campinas o ferroviário Armando Gomes de organizava Ligas Operarias de Bairros, Com objetivo de aglutinação de trabalhadores inspirados em organismos semelhantes que tinha nascido sobre o efeito sob o efeito da guerra em outros Países. E dentro deste contexto os trabalhadores Anarquistas em Campinas exigiam a libertação de Ângelo Soave que estava detido na estação e seria transportado para prisão, em São Paulo. Aderiram ao movimento não só ferroviários como também metalúrgicos de empresas como Lidgerwood e a Companhia McHard. Tendo a frente do movimento os anarquistas. Naquele dia, os trabalhadores estavam em manifestação em frente à “Porteira do Capivara”. A rua da porteira cruzava a linha férrea, onde hoje esta (o Viaduto Miguel Vicente Cury). Policiais aos seus postos esperavam o momento certo, para reprimir os lideres do movimento. Entre os trabalhadores havia rumores da existência de uma lista negra com o nome dos principais agitadores (cabeças de Greve). Durante a mobilização, no momento esperado os policiais abriram fogo contra os trabalhadores. O que resultou em 16 trabalhadores feridos, levados pelos companheiros, em lombos de burro, às pressas para o hospital. Três operários morreram imediatamente Antonio Rodrigues Magotto, Pedro Alves e Tito de Carvalho foram sepultados no dia seguinte no cemitério da Saudade. Armando Gomes uma das cabeças da Greve, saiu ferido durante o enfrentamento na “Porteira do Capivara”. A morte não intimidou o movimento anarquista. Walter Gomes (irmão de Armando) e José Gomes (irmão de Armado) mobilizaram a categoria, e o resultado paralisou a cidade. Não é necessário dizer que este capitulo da historia, não foi registrado desta forma por nenhum jornal da época. Historiadores de Campinas relatam que a Greve Geral de 1917 em Campinas, não teve a mesma extensão que a ocorrida em São Paulo. Mas não conseguem explicar a repercussão do Massacre da Porteira do Capivara, e nem mesmo a paralisação da cidade com o fato. Na verdade o que assustava, eram os ideais e o discurso anarquista Não é necessário dizer que este capitulo da historia, não foi registrado desta forma por nenhum jornal da época. A Geral Geral de 1917 foi uma manifestação contra o alto custo de vida e o trabalho de menores, além de difundir outras reivindicações operarias.Pensou em desistir da luta, mas nunca conseguiu, e voltou a ter problemas com a policia, durante a Greve Geral de 1920. Em março de 1920, Gomes foi preso enquanto liderava uma greve na Mogiana, pregava aos grevistas a negação da autoridade policial, para quem o próprio poder que a policia exercia já era uma abuso. Os anarquistas pregavam o fim da propriedade privada, para Armando Gomes a existência de imensas propriedades privadas era um crime contra a humanidade, o ideal seria transformar propriedade privada em coletiva. A atuação político partidária e a alienação imposta pela religião eram vistas com maus olhos, por promoverem um fanatismo irracional, segundo o ferroviário José Gomes, também Anarquista. Acreditava Armando Gomes que a existência de imensas propriedades privadas era um crime contra a humanidade, o ideal seria transformar propriedade privada em coletiva. Edgard Lourenroth publicou um boletim informativo anexo em seu jornal “A Plebe” em que trazia em suas linhas um balanço da greve da Mogiana em Campinas, dizia que Armando Gomes foi preso defendendo uma causa justa, cumprindo um dever humanitário, quando foi traiçoeiramente preso e obrigado a cumprir pena, pela qual lhe acusaram, em São Paulo para onde seguiu. Ângelo Soave morreu sete anos depois vitima de uma infecção renal. Armando Gomes e seus companheiros eram constantemente perseguidos por terem tido atuação destacada durante a Greve Geral de 1917 em Campinas, que envolveu anarquistas assim como Associações Operarias e Órgãos Operários. por fim o grande objetivo de acabar com o estado.

Greve Geral de 1917

Armando Gomes e o Grupo dos Dez

A vida secreta da Liga Humanitaria dos Homens de Cor

A Liga Humanitária dos Homens de Cor


1915 quase todos os empregos dignos eram ocupados por estrangeiros, tidos como responsáveis diretos pelo desenvolvimento da economia da cidade. O Então Secretario de Segurança Publica e futuro presidente do Brasil usou estas palavras para descrever um dos redutos da população negra na época (1919) : É ai que, protegida pelas depressões do terreno,pelas voltas e banquetes do Tamanduateí, pelas arcadas das pontes, pela vegetação das moitas, pela ausência de iluminação se reúne e dorme e se encochoa, a noite, a vasa da cidade, numa promiscuidade nojosa, composta de negros vagabundos, de negras edemaciados pela embreaguez habitual, de uma mistiçagem visiosa, de restos inomináveis e vencidos de todas as nacionalidades, em todas as idades, todos perigosos. É ai que cometem atentados que a decência manda calar ; e ai que se atrem jovens estouvados e velhos concupiscentes para matar e roubar, como nos dão noticias os canais judiciários, com grave dano moral e para segurança individual, não obstande a solicitude e vigilância de nossa policia. Era ai que, quando a policia fazia o expurgo da cidade, encontravam a mais farta colheita. (Washington Luis)
Levando se em conta que periferia é periferia em qualquer lugar, e que a descrição de Washington Luis é de uma periferia. A atitude é racista, covarde e nazista.

Segundo Congresso Operário

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O jornal " O Combate"

Greve Geral - 1907

Primeiro Congresso Operário

Jornais a União e a Juventude

Armando Gomes " O Rei da União"


Armando Gomes foi o mais importante Líder do Movimento Negro Campineiro no início do sécul0 XX,influenciou a criação de praticamente todas as entidades negras de sua época (em Campinas), e ainda hoje ainda que os mais jovens não saibam copiam muitas vezes o seu modelo de luta contra a discriminação. Foi ferroviário, ferreiro, fundidor, ferramenteiro. Além de Artista Plástico e Escritor. Grande lider operário, tendo comandado várias Greves Gerais no periodo anarquista, quando ser sindicalista não dava status e a perseguisão contra grevistas era cruel. Presidente da “Sociedade Dançante Familiar União da Juventude” de 1901 á 1922, começou sua luta com apenas 14 anos. A Sociedade Dançante Familiar União da Juventude, tambem era conhecida como “União faz a força”, “União da Juventude”, Juventude, ou somente União simplificação normalmente mais usada por todos. A União foi o primeiro exemplo conhecido de Casa de Cultura na cidade de Campinas ou se preferirem “Ponto de Cultura” já que o termo já aparecia em diversos documentos da época, o termo hoje muito usado com ares de vanguarda já era utilizado em Campinas há aproximadamente cem anos, para designar pontos de encontros culturais dos Homens de Cor termo usado na época para negros preocupados com a preservação da sua cultura e da vida em família. A União situava-se á Rua Padre Vieira, nº. 25 – Cambuí, nas suas dependências praticava-se a Capoeira neste momento ainda muito ligada aos costumes africanos (Jogo da Zebra); E ainda importantes tradições da dança e da música negra como: a Congada, Umbigada, Jongo, Moçambique, Caiapós, Cateretês, Folia de Reis, Bumba meu Boi entre outras manifestações. Manter a cultura Afro brasileira viva era o principal objetivo da União. A União foi vanguarda na defesa e preservação das religiões de Matriz Africanas como Candomblé, Catimbó e ainda o Jujú. Armando Gomes combatia ainda que sem muito sucesso as Irmandades: Irmandade de São Benedito dos Homens Pretos , Irmandade Nossa Senhora da Boa Morte e ainda a Irmandade Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. Armando conhecia o carater alienador das Irmandades, processo este que acabava impedindo o negro de aderir a luta, para mudar sua situação precaria na sociedade. Gomes era muito influenciado pelo espiritismo de Allan Kardec, na época tão temido como as religiões de Matriz Africanas. Isto aproximou Armando Gomes dos cultos Afros. Gomes torna-se um pesquisador do espiritismo de Allan Kardec, e das religiões de Matriz Africana, tendo sido o primeiro a lutar pelo direito a liberdade religiosa em Campinas. Gomes era muito radical com as religiões de Matrix Africana, pois não apreciava o sincretismo nestas religiões, preferindo e pregando uma volta as origens. Todo este contexto levou A União a atuar na preservação das religiões de origens Africanas. Também na União praticavam-se as conhecidas danças modernas Americanas como o One-Sprepp, Reich Tein ou o Reg Time como aquele tocado no Cotton Club Clube Negro Norte Americano. Gomes costumava dizer que o movimento negro americano era um referencial muitíssimo importante para a luta do negro Brasileiro. O Blues e o Jazz raramente eram tocados somente em ocasiões especiais. Foi neste ambiente que Fausto Pires de Camargo filho de Armando Gomes com Idalina de Jesus fez seus primeiros contatos com a musica tendo depois partido para as Marchas Carnavalescas e mais tarde para o Samba. No esporte o futebol era o mais praticado com destaque para as famílias Gonçalves e Ferraz que moravam nas imediações do Bairro da Ponte Preta e Abolição, tendo iniciado vários jogadores dos times de várzea muito comuns na época. Os Bailes e reuniões sociais eram realizados as segundas e sábados como ponto de encontro, conhecer jovens negras de família, colocar a militância em dia , já que neste espaço normalmente se distribuía o órgão informativo da Comunidade Negra. Em 1919 o então Prefeito Heitor Teixeira Penteado cumprimentou a União e em especial seu Presidente Armando Gomes pela contribuição voluntária na Campanha de Combate a Gripe Espanhola.

Centro Recreativo Dramatico Familiar - 1909

Associação Humanitaria Operaria dos Homens de Cor - 1906

Federação Paulista dos Homens de Cor - 1902

Sociedade Dançante Familiar União da Juventude - 1901

Organizações Negras de Inclusão social

O negro Campineiro no inicio do século XX aparece como coadjuvante do branco dominador Numa infinidade de trabalhos, como mostra uma coleção de fotografias de Austero Penteado do começo do século XX. O imigrante Europeu substituiu tanto os escravos como os libertos na posição de trabalhador. 1893 os imigrantes constituíam 80% do pessoal a ocupar os postos de trabalho. 1890 – logo após a Abolição a população negra foi excluída dos planos do governo deviam ser afastados e escondidos mantidos longe da cidade, todo traço de civilização negra deveria ser apagado o mais rápido possível. Relatos de sanitaristas, agentes de saúde e chefes de policia traçam um quadro de horror em relação aos lugares e estilo de vida dos pretos. Em dez anos a população negra diminuiu drástica e misteriosamente fato que satisfez e intrigou as autoridades e jornalistas da época: AFIRMO AOS PESSIMISTAS E AOS ANTIGOS ESCRAVOCRATAS QUE A RAÇA PRETA DESAPARECEU DESTE ESTADO PORQUE ABUSANDO DA LIBERDADE E ENTREGANDO – SE AO VICIO DA EMBREAGUEZ TEM MORRIDO. Em 1900 o plano de embranquecer São Paulo e obviamente Campinas e interior, começa a dar certo tendo em vista o modelo Europeu adotado. E já em 1906 a cada 100 crianças quase 80% são filhas de estrangeiros.

Federação Paulista dos Homens de Cor - 1902

Colegio São Benedito

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O professor Francisco Jose de Oliveira

Irmandade da Boa Morte

Irmandade do Rosario dos Homens Pretos

Organizações negras religiosas

Dona Fulana

Igreja São Benedito

Tito Camargo de Andrade

Igreja do Rosario

Antonio Cesarino

Colegio Perseverança

Familia Cesarino

Sociedade Cultural Recreativa Beneficiente Estrela do Oeste - 1895

Violeta - 1895

Sociedade Beneficiente Isabel Redentora - 1899

Afinal, a libertação total

Quase Alvorada

Quase Alvorada

1886 dois anos antes da Lei Áurea que abolia oficialmente a escravidão. O imigrante Europeu substituiu tanto os escravos como os libertos na posição de trabalhador.

Ainda o Zé Fula

História como outra (Zé Fula)

Sociedade Beneficente Luiz Gama - 1888

Filhas de Averno - 1888

A Flor da Mocidade - 1888

Antigas organizações negras

Em 1889 é fundada a Companhia de Ramal Férreo Campineiro, que seria inaugurada em 1894 ligando Campinas a Souzas e Joaquim Egidio. Também em 1889 a cidade sofre um grande surto de febre amarela, E neste episodio o negro foi o grande Herói.

Irmandade São Benedito dos Homens Pretos - 1831

O Capoeira






















A Dança da Zebra

Bumbas e Macumbas II

Bumbas e Macumbas - I

Carnaval Antigo

Irmandade da boa morte

Irmandade do Rosario dos Homens Pretos

Igreja São Benedito

Tito Camargo de Andrade

Igreja do Rosário

Afinal, a libertação total

Carlos Gomes e o negro cativo

Ainda o Zé Fula

Quase Alvorada

História como outra história (Zé Fula)

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

As autoridades do Império trataram de embranquecer o sangue negro


Foto: Família de escravos alforriados. As autoridades do Império trataram de embranquecer o sangue negro neutralizando a sua cultura e impedindo seu acesso a postos chave. E a vinda do imigrante Europeu traria elementos étnicos superiores que através da miscigenação poderiam branquear o Brasil. A substituição da mão de obra escrava significou, portanto redefinição do lugar do negro na sociedade de escravo a marginal, em outras palavras no discurso da classe dominante negro livre não servia para trabalhar. 1842 – são considerados vagabundos pelo artigo 300 do regimento 120 de 31 de janeiro de 1842 os indivíduos que não tem domicilio certo nem profissão ou oficio nem renda ou meio conhecido de subsistência, que não tem domicilio certo e não mostrarem ter fixado em alguma parte do Império a sua habitação ordinária e permanente ou não estiverem assalariados ou agregados a alguma família.

A pressão Inglesa pelo fim do trafico aumentava


A pressão Inglesa pelo fim do trafico aumentava quando traficantes do comercio da carne e fazendeiros perceberão que a abolição da escravatura era inevitável, começaram a pensar na substituição da mão de obra. A solução da questão implicou no deslocamento de milhões de Europeus sobre tudo em São Paulo é logicamente Campinas. A Substituição da mão de obra do escravo negro pelo imigrante livre, foi acompanhada de um discurso que difundia a solução como alternativa progressista. Mas o verdadeiro motivo era o medo que o processo de libertação em Campinas fosse violento como o do Haiti.

Viver em porões ou habitações coletivas era única forma de moradia acessível ao liberto barata e em região central


Viver em porões ou habitações coletivas era única forma de moradia acessível ao liberto barata e em região central. A arquitetura das habitações coletivas era semelhante a zonas urbanas da África Ocidental. Esta era por exemplo a forma das casas das Tias negras, chefes de terreiro, que hoje desempenham o papel de mães de santo. Famílias moravam coletivamente nestes cortiços, mas muitos moradores eram pessoas sem laço de parentesco. A comunidade que se reunia em festas e rituais , nos quintais destas habitações coletivas verdadeiros quilombos urbanos do final da escravidão,nesta época o trafico de escravos estava sendo desmantelado pelo capital Inglês.

Em 1872 escravos libertos que viviam em Campinas definiram no final da escravidão os territórios negros

Em 1872 escravos libertos que viviam em Campinas definiram no final da escravidão os territórios negros nas ruas do Centro. Um dos pontos deste território eram as Irmandades organizações religiosas negras . Era onde em dias de festas cristãs se batucava e dançava, o espaço das irmandades era muitas vezes local de habitação de libertos , alem de Quilombos Urbanos e Irmandades Negras, também se organizavam fundos de emancipação que libertavam escravos através da compra de alforrias.

As ruas também eram territórios de escravos

As ruas também eram territórios de escravos, os escravos se misturavam – se aos escravos de ganho (escravo que realizava tarefas remuneradas, repassando a maior parte do ganho (feria diária) ao seu Senhor. Eram Escravos de Oficio carpinteiros, pedreiros entre outros. Ser negro de ganho era um caminho para a compra da alforria , a medida em que paga feria devida ao seu Senhor algum excedente poderia sobrar em sua mão. Assim o numero de libertos crescia na cidade aceleradamente, nas ultimas décadas da escravidão.

Campinas pós 1850 tinha mais negros que Brancos

Neste período Senhores de escravos moravam em Chácaras ao redor da cidade, e muitos negros moravam ao redor destas Chácaras para ficarem a disposição dos seus Senhores, este processo deu origem a bairros como o tradicional bairro do Cambuí de inicio um território negro devido a grande quantidade de negros ali instalados. Os sobrados localizados nas ruas do Centro eram moradias de Barões e da elite Campineira. Os poderosos ficavam a maior parte do tempo nas ruas ficando em casa apenas nos horários de refeição.

Em 1870 Campinas possuía 33 mil habitantes, sendo 17 mil escravos

Em 1870 Campinas possuía 33 mil habitantes, sendo 17 mil escravos, ou seja, um dos maiores contingentes negros do Brasil. Campinas pós 1850 tinha mais negros que Brancos, e já em 1887 havia perto de 15 mil escravo mais da metade homens livres. Neste período Senhores de escravos moravam em Chácaras ao redor da cidade, e muitos negros moravam ao redor destas Chácaras para ficarem a disposição dos seus Senhores, este processo deu origem a bairros como o tradicional bairro do Cambuí de inicio um território negro devido a grande quantidade de negros ali instalados.

O medo coletivo criador de um mito (lenda)

Inquetações de 1848

Inquetações de 1848

O que contavam os escravos em 1859

João Barbeiro "O Rei da Congada" II

João Barbeiro "O Rei da Congada" I

João Barbeiro "O Rei da Congada" I

As mãos do enforcado II

As mãos do enforcado I

Inocente II

Inocente I

O enforcamento II

O enforcamento do negro Elesbão - I



Ilustração:"Negro enforcado sobre o estrado de um cadafalso", conforme gravura de William Blake, em 1792. Eis um bom exemplo das bárbaras punições que aplicavam-se, algumas vezes, nos escravos no Suriname, qualquer semelhança com "O caso Elesbão não sera mera coincidencia". Pois bem, chegada essa quarta–feira, 09 de dezembro, uma romaria imensa, desenrolando-se através das ruas da Vila, encaminhou-se para o Largo de Santa Cruz e o encheu completamente. Habitantes da Vila de São Carlos, homens mulheres e crianças, alvoroçados com a noticia da estréia da fôrca, não desejando perder o espetáculo medonho, ali se apertavam desde cedo, contemplavam o patíbulo alçado defronte dos Campos verdes e vendo face à face, de frente à frente, as arvores famosas da criação divina e a arvore temerosa da invenção humana, de que nos fala o poeta. Escravos enviados pelos Senhores, também tinham que assistir ao suplicio do seu igual, o que não impediu de muitos dêles mais tarde, praticando o mesmo crime, tivessem também o mesmo castigo. Da cadeia velha ( construída de 1823 em diante e depois demolida ), transformada em oratório para a ocasião, saiu do lúgubre cortejo. Depois das autoridades, do réu, do Vigário e do carrasco, ia a Infantaria da Guarda Nacional , e fechando o préstito, os soldados da Cavalaria da mesma Guarda luzidos, marchavam “o mais bonito de tudo” na expressão ingênua de nossa informante que, contando, então seis anos de idade, acompanhava com os de sua família a triste procissão de morte. “O Carrasco ia alegre contava-nos – eo padecente da “cor cinza”. Neste o efeito do terror, naquele os efeitos da ignorância. Dirigiram-se todos a Matriz Velha, onde foi realizada a missa de que os condenados ouviram parte. Em seguida na forma do art. 40, o réu foi levado pelas ruas mais publicas, caminho de Santa Cruz. Essas ruas eram as do Sacramento, do Comercio, da Ponte e Ladeira de Santa Cruz. O dobre de finados ressonava lugubremente nos ares. Corvos descreviam longas trajetórias no céu azul, e alem, no Largo havia o resfolegar ansioso de muitas mil pessoas reunidas. Formada a Guarda em torno do partibulo, deu-se o começo ao ultimo ato do drama

Condenados a morte III

Condenados a morte II

Condenados a morte - I

O julgamento - Duas condenações e uma absolvição

O encontro de um corpo na Restinga

Um crime de escravos

Quem era João Barbeiro?

Quem era João Barbeiro?

Ainda João Barbeiro

João Barbeiro, o Zumbi Campineiro


Ilustração:Jean Baptiste Debret (Paris, França 1768 - idem 1848). João Barbeiro, foi o nosso Zumbi. Um herói Campineiro. João Barbeiro sendo um negro fôrro, arriscou sua liberdade e a sua vida, na tentativa de sublevar os seus irmãos de raça que gemia no cativeiro. Líder da Insurreição preparada para abril ou maio de 1930. Só não chegou a se concretizar poque foi denunciada as vésperas de acontecer. A denuncia do levante de escravos foi feita pelo Vigário Padre Jose Joaquim Gomes, encaminhada a Câmara em 22 de abril de 1930. A igreja nunca foi uma instituição de apoio a luta dos negros pela liberdade, mas sempre esteve ao lado dos poderosos e dos donos de grande Capital. Segundo o Vigário Padre Jose Joaquim Gomes, os negros estavam se munindo de zagaias, foices e algumas espingardas para realizar o dito levante. O Juiz de paz ordenou a prisão dos lideres do levante, João Barbeiro e um amigo de luta. De São Paulo chegiu um reforço de trinta soldados para abortar a rebelião. Duas prisões foram efetuadas, a de João Barbeiro e de outro negro ambos fôrro. João Barbeiro, foi preso e remetido para São Paulo, onde provavelmente foi morto. Mesmo morto criou-se entre os cativos que o espírito de João Barbeiro estava entre eles inspirando-lhes a liberdade. E aos Senhores de escravo o pavor de uma Revolta bem sucedida João Barbeiro, foi o nosso Zumbi. Um herói Campineiro. João Barbeiro sendo um negro fôrro, arriscou sua liberdade e a sua vida, na tentativa de sublevar os seus irmãos de raça que gemia no cativeiro. Líder da Insurreição preparada para abril ou maio de 1930. Só não chegou a se concretizar poque foi denunciada as vésperas de acontecer. A denuncia do levante de escravos foi feita pelo Vigário Padre Jose Joaquim Gomes, encaminhada a Câmara em 22 de abril de 1930. A igreja nunca foi uma instituição de apoio a luta dos negros pela liberdade, mas sempre esteve ao lado dos poderosos e dos donos de grande Capital. Segundo o Vigário Padre Jose Joaquim Gomes, os negros estavam se munindo de zagaias, foices e algumas espingardas para realizar o dito levante. O Juiz de paz ordenou a prisão dos lideres do levante, João Barbeiro e um amigo de luta. De São Paulo chegiu um reforço de trinta soldados para abortar a rebelião. Duas prisões foram efetuadas, a de João Barbeiro e de outro negro ambos fôrro. João Barbeiro, foi preso e remetido para São Paulo, onde provavelmente foi morto. Mesmo morto criou-se entre os cativos que o espírito de João Barbeiro estava entre eles inspirando-lhes a liberdade. E aos Senhores de escravo o pavor de uma Revolta bem sucedida.

A congada

O perigo escravo

Nova revolta em 1829

Continuam os receios de revolução

Insurreição de escravos

Pequenos Quilombos Campineiros de 1827


Em 1827 aconteceram levantes de escravos e com a fuga deste, formaram-se pequenos Quilombos.

Igreja Nossa Senhora do Rosário berço das Irmandades negras


Em 1817 e construída a Igreja Nossa Senhora do Rosário

Campinas de 1822 era predominantemente negra e com intensa miscigenação


Foto: Senhor de escravos e negros escravizados. Além do Recenseamento realizado em 1822 em Campinas na época ainda Vila de São Carlos, o senso acusou 7.369 habitantes, assim discriminados 2.389 brancos, 3.434 pretos e 1.546 pardos, sendo assim Campinas era predominantemente negra e com intensa miscigenação, mesmo em período escravista.

Negro e o trabalho escravo e semi-escravo na urbanidade


Ilustração: carregadores de pipas de água. Mas o cruel mundo da monocultura escravista não era somente rural, embora a cerne da produção fossem as fazendas; no centro urbano Campineiro uma rede de comercio e trabalho escravo e semi-escravo se desenvolveu. Assim como nas fazendas os trabalhos mecânicos na cidade eram realizados por escravos a exemplo de cocheiros, carregadores entre outros.

Campinas em 1797era negra em sua maioria


O senso concluído em 27/10/1797, mostra que a população de Campinas era de 2017 habitantes e basicamente segundo o relato havia 700 escravos Africanos, 400 mulatos, 330 agricultores, 550 mulheres, brancas, mamelucas, cafuzas e morenas, 14 tropeiros, 09 comerciantes, 04 padres e 12 mendigos. Em 14/12/1797 Campinas eleva-se a categoria de Vila São Carlos.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

O primeiro casamento celebrado em Campinas ( Amor negro)


Ilustração: Costumes. O primeiro casamento realizado em Campinas , que tem assento no livro I de casamentos aqui realizados sendo o celebrante o Frei Antonio de Pádua e tendo como (nubentes) – Mateus e Rita naturais de Angola escravos de Domingo Costa Machado no dia 14 de julho de 1774.

A história dos negros Campineiros é pouco conhecida


Foto: Coleção Austero Penteado - Início do século XX. A história dos negros Campineiros é pouco conhecida, os poucos registros em que a Historiografia se ocupou se referem à participação do negro como escravo num mundo rural.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

A finalidade desse movimento era a organização da Companhia Mogiana para estender seus trilhos ao vale do Mogi Guacu.Através da autorização prevista na Lei Provincial número 18, de 21 de março de 1872, todas as acões foram subscritas, e em 01 de julho,deram inicio aos trabalhos. Seriam construídos inicialmente um primeiro trecho com 76 quilômetros, ligando Campinas a Mogi Mirim, com o nome de "Companhia Mogiana de Navegação". As dificuldades foram muitas mas no dia 27 de agosto de 1875 partiu de Campinas para Mogi Mirim o trem inaugural com toda a Diretoria acompanhando a pessoa do Imperador D.Pedro II.Neste ponto e importante reproduzir a citação que faz o livro da His-
tória de Mogi Guacu "Mogi Guacu três séculos de História"A pagina 297 desse livro lê-se: "No dia 09 de Abril o povo em romaria vai a Mogi Mirim assistir a chegada do primeiro "trem de ferro" da Cia. Mogiana,cujo ato inaugural só se realizaria conforme relato abaixo em 27 de Agosto de 1875. Não teríamos espaço suficiente para discorrermos sobre todas as estações inauguradas pelas Cia.Mogiana, mas podemos enumerá-
las baseando-nos no "Almanaque de Amparo" de 1918, que contem na sua página de número 22 uma tabela dos preços das passagens nas linhas férreas a partir de Amparo.Omitiremos a tabela de preços para apenas enumerarmos as estações. São elas, a saber:Estação de Coqueiros,de Pedreira,de Jaguary,de Três Pontes, de monte Alegre,de Carlos Norberto, de Visconde de Soutello, de Barão de Ibitinga, de Socorro, de Alferes Rodrigues, de Pantaleão, de Brumado,de Santo Aleixo,de Serra Negra, de ITAPIRA, de Mogi Mirim, de Mogi Guacu, de Pinhal,de
Cascavel, de São João da Boa Vista, de Poços de Caldas, de Lagoa, de Vargem Grande, de Casa Branca,de Itoby, de São José do Rio Pardo, de Ribeiro do Valle, de Mococa, de Canoas, de Guaxupé, de Guaranésia, de Monte Santo, de Posses, de São Sebastião do Paraíso, de Muzambinho, Tambau, de Santos Dumont, de Santa Rosa, de Cajuru,de São Simão, de Bento Quirino, de Cravinhos, de Ribeirão Preto, de Sertãozinho, de Jardinópolis, de Salles Oliveira, de Orlândia, de São Joaquim, de Ituverava, de Igarapava, de Brodowiski,de Batatais, de Franca, de Sacramento, de Conquista, de Uberaba, de Uberabinha, de Araguari,de Jundiaí, de São Paulo,de Santos.Abaixo veremos algumas estacões que consideramos de importância para esta matéria:

HISTÓRIA DA FERROVIA

Antes de tratarmos da implantação da via via férrea em nossa região, seria importante fazermos um breve retrospecto sobre as causas que motivaram o planejamento e o desenvolvimento desse meio de transporte. As grandes lavouras de café em nossa região permitiram que se fizessem surgir uma nova paisagem.O verde dos cafeeiros tingiam o solo cobertos de matas anteriormente e contrastavam exube-
rantemente com o azul do céu.Os barões do café surgiram e comandaram uma nova aristocracia, a aristocracia rural.O povoamento de vastas áreas inúteis e o aparecimento de cidades pioneiras nesse tipo de cultura fortaleceu a riqueza dos opulentos senhores e da própria região.O aparecimento da mão de obra imigrante,principalmente do imigrante italiano fez aquecer o mercado exportador do pais.Houve um deslocamento do eixo econômico brasileiro em direção ao sudeste, colocado anteriormente em posição secundária considerando a economia agrícola.Tudo isso redundou na multiplicação das vias férreas que em pouco tempo tracejaram o solo paulista num labiríntico novelo de trilhos.
E eis que surge então a:

ESTRADA DE FERRO MOGIANA. Decorrente do grandioso ciclo do café, a atenção voltou-se para o desenvolvimento do transporte moderno na época que era a via férrea.O primeiro projeto que motivou a iniciativa de se prolongar a via férrea para os lados de Amparo e Mogi Mirim, foi do sistema Mr.Larmanjat, publicado em Fevereiro de 1872, pelo Dr.H.Luis de Azevedo Marques.Por esse sistema obtinha-se a tração por meio de um simples trilho central, distribuindo as locomotivas e aos carros, quatro rodas, sendo duas colocadas nas extremidades e fixas ao eixo longitudinal e as outras duas transversalmente uma de cada lado.Assim em 21 de Marco de 1872 foram aprovados na Assembléia Provincial o projeto concedendo privilegio e garantia de juros a empresa que levasse a efeito uma Estrada de Ferro de bitola estreita desta cidade a Mogi Mirim, com ramal para Amparo e o aditivo para o prolongamento até Jaguara.Um grande e importante movimento foi então desencadeado e encabeçado pelos srs.Dr.Antonio de Queiroz Telles (Conde de Parnaíba), Tenente-Coronel Jose Egidio de Souza Aranha,Dr.Delphino Ulhôa Cintra Junior,Cel., Joaquim Querino dos Santos e Antonio,Manoel Proença, Jose Guedes de Souza, Barão de Atibaia e Dr.João Ataliba Nogueira.(Barão Ataliba Nogueira), Joaquim Ferreira de Camargo Andrade e Francisco Soares de Abreu. A primeira reunião efetuada para tratar da incorporação da Companhia Mogiana teve lugar a 3 de Marco de 1872 na casa do tenente-coronel Jose Guedes de Souza, na qual foi nomeada uma comissão composta pelos srs.Cel.Joaquim Egidio de Souza Aranha, Cap.Joaquim Quirino dos Santos, ten-cel.Jose Guedes de Souza, Barão de Atibaia, Dr.João Ataliba Nogueira,Dr. Delfino Cintra Junior, Joaquim Ferreira de Camargo Andrade e Francisco Soares de Abreu, já citad

A primeira Locomotiva da América do Sul. n.121,fabricada nas oficinas da Cia Mogiana em Campinas
Dados técnicos
Tipo Tender, número total de rodas, 12; Número de roda motrizes, 8; Diâmetro das rodas motrizes, 914 mm.; Diâmetro dos cilindros, 381 mm.; Curso de êmbolos. 457 mm.; Superficie de aquecimento total 63,64 m.q.; Idem direito 5,58; Idem Tubular, 58,06; Superfície de grelhas, 1,22; Pressão normal de caldeira. 12.66 cm.q.; Peso total da locomotiva em estado de mar. 37.600 Kg.; Pedro aderente, 26.600 kg.; Força de trção a 85º de pres.nor., 7.800 Kg.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Greve Geral de 1920 ( Prisão de Armando Gomes o anarquista negro)


Durante a Greve da Companhia Mogiana em 1920, Armando Gomes foi preso pregando e recomendando aos grevistas a negação da autoridade policial e da propriedade privada, dizia que a existência de imensas propriedades privadas era um crime contra a natureza e contra a humanidade, que o ideal seria transformar a propriedade privada em coletiva. Edgard Louenroth publicou um boletim informativo anexo ao seu jornal “O Libero” em que trazia em suas linhas um balanço da Greve da Mogiana, dizia que Armando Gomes foi preso defendendo uma causa justa, cumprindo um dever humanitário quando foi traiçoeiramente preso e obrigado a cumprir a pena, pela qual lhe acusaram, em São Paulo para onde seguiu. O Centro Humanitário José do Patrocínio de São Paulo deu um voto de sentimento pela prisão de Armando Gomes, e também A União da Juventude se manifestou pela prisão de seu Presidente e finalmente a Liga Humanitária dos Homens de Cor (28/11/1915) da qual Armando gomes era o fundador. Além disto a proximidade de Armando Gomes (1888-1944) e Edgard Louenroth (1881-1968) perturbava por demais o patronato Campineiro

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Massacre da Porteira do Capivara ( Greve Geral de 1917) ou Anarquismo em Preto e Branco em Campinas

Foto: acima: o anarquista e lider operario Ângelo Soave (trabalhadores exigiam a sua libertação); Abaixo: Armando Gomes um dos lideres da greve de 1917 protagonista do episodio ocorrido na Porteira do Capivara, e a principal liderança do movimento negro da época. O clima durante A Primeira Guerra Mundial agravava tremendamente a situação econômica dos trabalhadores Brasileiros, o proletário de todo o Pais vivia uma elevação sem precedentes dos artigos de primeira necessidade, a redução dos salários a um terço do valor real, aumento do aluguel e a falta de gêneros alimentícios. Além disto intensificava o trabalho infantil e o da mulher provocando a redução de salários. Entre as reivindicações estava o aumento de salários, proibição do trabalho de menores de quatorze anos, adoção da semana Inglesa, libertação dos grevistas presos, redução de preços nos gêneros de primeira necessidade, redução de 50% de alugueis. Onde os trabalhadores Anarquistas em Campinas exigiam a libertação de Ângelo Soave que estava detido na estação e seria transportado para prisão, em São Paulo. Naquele dia, os trabalhadores estavam em manifestação em frente à “Porteira do Capivara” (o nome vem do apelido do proprietario), a rua da porteira cruzava a linha férrea, próximo onde hoje fica ( o Viaduto Miguel Vicente Cury). Durante a mobilização os policiais abriram fogo contra os trabalhadores. O que resultou em 16 trabalhadores feridos, levados pelos companheiros às pressas para o hospital. Três operários morreram imediatamente Antonio Rodrigues Magotto, Pedro Alves e Tito de Carvalho foram sepultados no dia seguinte no cemitério da Saudade o ocorrido paralisou a cidade. Armando Gomes (um dos lideres da Greve de 1917) saiu ferido durante o enfrentamento na “Porteira do Capivara”, pensou em desistir da luta, mas nunca conseguiu, e voltou a ter problemas com a policia durante a greve geral de 1920. Ângelo Soave morreu sete anos depois vitima de uma infecção renal. Armando Gomes e seus companheiros eram constantemente perseguidos por terem tido atuação destacada durante a Greve Geral de 1917 em Campinas, que envolveu anarquistas assim como Associações Operarias e Órgãos Operários. Aderiram ao movimento não só ferroviários, como também metalúrgicos de empresas como Lidgerwood e a Companhia McHard. Tendo a frente do movimento os anarquistas. Embora a Greve Geral de 1917 em Campinas, não tenha tido a mesma extensão que a ocorrida em São Paulo, assustava os ideais e o discurso anarquista de não aceitação da propriedade privada, o desprezo e o não reconhecimento da autoridade policial e por fim o grande objetivo de acabar com o estado. A Greve Geral de 1917 foi uma manifestação contra o alto custo de vida e o trabalho de menores, além de difundir outras reinvindicações operarias. Através de Ligas Operarias de Bairros, centro de aglutinação de trabalhadores inspirados em organismos semelhantes que tinha nascido sobre o efeito sob o efeito da guerra em outros Paises.

Anarquismo em Campinas ( Negros e Italianos na luta)


Ilustração: Edgard Louenroth. O movimento Anarquista a partir de 1917, rompeu o quadro de inércia e estagnação da organização operaria, abrindo um novo período notabilizado por greves de grandes proporções que duraria até 1920. Foi o período mais fértil do Anarquismo no Brasil e mais importante a partir da greve de 1917. Inseriu-se definitivamente a questão social ampla na cena política com reivindicações que iam muito além da questão trabalhista estrita, tendo no Brasil seu maior expoente Edgard Louenroth (1881-1968). Em Campinas homens como Ângelo Soave, Antonio Rodrigues Magotto, Pedro Alves , Tito de Carvalho, Armando Gomes, entre tantos outros ilustres desconhecidos, escreveram a história do movimento Anarquista inspirados e muitas vezes orientados pelo próprio Edgard Louenroth.

Decadência das ferrovias em Campinas

Foto: Romeu Gonçalves de Oliveira ( primeiro agachado á esquerda) e amigos, todos trabalhadores ferroviários da Mogiana - 1964. A partir da década de 1950, as mudanças operadas na área de transporte começaram a transferir para o setor rodoviário o papel até então desempenhado pela ferrovia. No início da década de 1970, as antigas estradas de ferro paulistas foram incorporadas à FEPASA e, no curso da década de 1980, a malha ferroviária começou a ser concessionada. No caso de Campinas, a FEPASA manteve o transporte de passageiros até o ano de 2000, vivendo-se desde então um processo de reestruturação e desativação de serviços que colocou em risco a própria sobrevivência do conjunto histórico e arquitetônico do complexo.

Os ferroviários e a luta ( Braços negros)


Foto: Armando Gomes ( primeiro sentado á esquerda) um dos lideres da Greve Geral de 1917, e a diretoria da Liga Humanitaria dos Homens de Cor, formada em sua grande maioria por ferroviários negros. A região da Estação constituiu-se, também, em palco de lutas sociais, integrando-se a um processo mais amplo de reivindicações, tensões e conquistas de direitos pelos trabalhadores de Campinas. Os ferroviários constituíram-se em uma das categorias mais combativas da cidade, alcançando seus movimentos uma projeção nacional. É célebre o episódio da "Porteira da Capivara" (1917), momento em que os ferroviários enfrentaram a força da repressão policial.

O progresso chega sobre trilhos

Foto: Barração das Oficinas na Estação Ferroviária de Campinas na década de 30 ( acervo do Museu da CP - Jundiaí). A região da chamada "Estação da Paulista" (criada entre as décadas de 1870 e 1920) centralizava um conjunto diversificado de serviços e instituições (hospitalares, escolares, fabris, comerciais e de serviços) que, no curso de um século, prestou-se a atender uma ampla população regional que utilizava o trem como seu principal meio de transporte.

Campinas já foi um dos maiores complexos ferroviários do estado de São Paulo

Foto: Quatro tipos de locomotivas fabricadas pela CM, entre 1908 e 1939, a maior de todas a Consolidation 664 e a menor a Mikado 985. Foto gentilmente enviada por Felipe Coelho de Souza Petean, bisneto de José Wilson Coelho de Souza e trisneto de Carlos William Stevenson, dois dos mais importantes engenheiros que trabalharam na Mogiana. A instalação de diferentes companhias férreas em Campinas, a partir de 1868, trouxe para a cidade uma outra dinâmica e sentido históricos. Através das Companhias Paulista (1868), Mogiana (1872), Ramal Férreo (1889), Funilense (1890) e Sorocabana (1921), Campinas consolidou o papel já centenário de "entroncamento" viário, transformando a cidade em um novo espaço de comércio, produção e serviços no interior da Província e, depois, do Estado de São Paulo. A região da chamada "Estação da Paulista" (criada entre as décadas de 1870 e 1920) centralizava um conjunto diversificado de serviços e instituições (hospitalares, escolares, fabris, comerciais e de serviços) que, no curso de um século, prestou-se a atender uma ampla população regional que utilizava o trem como seu principal meio de transporte.