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Campinas / Brasil Afirmativo, São Paulo, Brazil
O sangue do Negro Africano, Índio Brasileiro e dos Imigrantes Europeus, correm em minhas veias, Brasileiro sem dúvida nenhuma. Campineiro da gema, apaixonado por Campinas - (SP) sua história, arquitetura e povo. Nasci em 21 de Agosto de 1964, em uma família, de quatro gerações de ferroviários, homens que passaram suas vidas entre o ferro fundido dos trilhos, e o fogo das caldeiras. Iniciei minha vida no ramo da metalurgia, seguindo os passos dos homens de minha família. No chão de fábrica ... Não, demorou muito para que, tomasse consciência, da importância, da eterna luta de classes, em busca de melhores condições de vida e inclusão social. Hoje militante do movimento negro, costumo dizer, que não escolhi ser do movimento negro, o movimento é que me escolheu. Meu bisavô Armando Gomes fundou a Liga Humanitária em 28 de novembro de 1915. A luta do povo negro, é distinta, e não pode ser, refém de partidos, e interesses meramente pessoais. Jornalista e Artista Plástico, resolvi usar este espaço, para relatar, o dia a dia, do nosso povo, o brasileiro.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

A Pérola Negra de Campinas

Até o final da década de 1950, os concursos de Misses excluíam das passarelas as candidatas negras ou ate mesmo Afro-descendentes; em 1963 a linda enfermeira, a mulata Aizita Nascimento, representando o Clube Renascença do Rio de Janeiro rompe com tradição discriminatória desses eventos, uma grande vitória para as mulheres negras.
Naquele momento havia uma polemica em torno de uma pomada a base de Hidroquinona que clareava progressivamente a pele; na época muita gente aderiu a moda (uma antiga referencia a Michael Jackson), neste contexto a linda mulata Aizita Nascimento ficou famosa por proferir a exclamação“Branca? Nunquinha!” esta frase não tem nenhum teor racista, mas uma consciência da importância de valorizar a sua pele, a sua cidadania, importante sinal que a mulher e principalmente a negra começava a reivindicar seus direitos na sociedade.
Mas esta conquista não veio sem luta e nem mesmo de graça, talvez o maior exemplo desta luta tenha ocorrido aqui mesmo em Campinas na terra do jornalista e poeta negro Benedicto Octavio. Foi em Campinas, que pela primeira vez no Brasil realizou-se um concurso que quebraria os preconceituosos paradigmas dos acomodados concursos de beleza que tinham a negra como um objeto ou cidadã de segunda classe, exemplos disto são os tais concursos Bonequinha do café, Bonequinha de pixe entre outros títulos que insistiam em comparar a mulher negra a produtos como café ou mesmo massa asfaltica. Nunca a uma rainha.
que escolheu o mais belo exemplar da beleza negra com a imponência da coroação de uma princesa, feito jamais repetido.
Entre as vinte inscritas a vencedora foi aquela que reuniu os maiores predicados em elegância, graça, beleza, cultura e simpatia. A vencedora Marcília Gama uma jóia rara, militante da causa negra e não apenas uma beldade, na verdade uma perola negra.
A Perola Negra foi coroada pelo vice-governador do Estado de São Paulo Porfírio da paz, que também entregou lhe a faixa e o cetro completando assim a ornamentação de rainha. O júri representou muito bem a comunidade negra, os representantes foram escolhidos pela comunidade negra durante um coquetel num dos lugares nais belos da cidade o “Lo Schiavo” entre os representantes de entidades negras levando em conta a tradição e contribuição de cada entidade, alem de sua antiguidade, já o representante indicado por cada entidade deveria ter obrigatoriamente formação moral e grau intelectual. A proposta inicial do “Concurso Perola Negra de Campinas” era conseguir reunir recursos para salvar entidades negras que passavam por dificuldades como a Corporação Musical Campineira dos Homens de Cor e ainda o Posto de puericultura Helena Beatriz, sendo assim foi necessário reunir grande parte da comunidade negra de Campinas para que este objetivo fosse atingido. No inicio a comunidade negra tentou alugar A comunidade negra de Campinas através das entidades organizadoras do baile como a Liga Humanitária dos Homens de Cor de Campinas, a Corporação Musical Campineira dos Homens de Cor entre outras, mostrou tanta união, força e determinação, atraindo desta maneira, importantes aliados como o “Jornal Diário do Povo” através de seu famoso colunista Orlindo Marçal, Departamento de Difusão Cultural da Prefeitura de Campinas e ainda um poderoso aliado Associação Cultural dos Negros do Estado de São Paulo recebendo deste ultimo apoio integral. O concurso a partir daí tomou um impulso extra, atraindo a adesão de entidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Americana, Franca, São Carlos e de todo o interior. Com esta força política não foi difícil exigir que o “Concurso da Perola Negra de Campinas” e o baile, fossem realizados no magnífico Teatro Municipal de Campinas.
Três meses antes do evento a comunidade negra mostrou um poder de compra que surpreendeu e espantou os comerciantes de campinas, uma semana antes do evento haviam se esgotado o estoque de miçangas, lantejoulas e enfeites para vestidos nas lojas de Campinas.
Mas nem tudo são rosas na terra do racismo cordial, o palco e passarela montado nas dependências do Teatro Municipal eram de propriedade da Sociedade Hípica, que realizava tradicionalmente uma vez ao ano o Baile de apresentação das Debutantes, nada mais do que a fina flor da sociedade da terra.
Sendo assim negava o uso do palco e da passarela para eventos da comunidade negra, mesmo com a dinheiro na mão, no final sob a costumeira pressão, a comunidade ganhou alguns aliados dentro da Sociedade Hípica e o palco acabou sendo alugado para o grande evento negro.